Uma nova controvérsia atinge o governo do Tocantins e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Amélio Cayres, após denúncias de que o parlamentar estaria utilizando uma aeronave oficial em deslocamentos políticos durante sua pré-campanha. O caso veio à tona após registros de Cayres visitando diversos municípios do interior, como Taguatinga, Aparecida do Rio Negro, Palmeirópolis, Figueirópolis, Araguatins e Araguaína, a bordo de um avião pertencente à frota pública.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SESAU) negou que a aeronave utilizada esteja vinculada ao contrato de transporte aeromédico da saúde pública. Segundo a pasta, o avião, embora pertencente à empresa Brasil Vida Táxi Aéreo, estaria alugado pela Governadoria do Estado — e não pela saúde. A SESAU, porém, não apresentou documentos que esclareçam a qual contrato a aeronave de fato pertence, nem detalhes operacionais da escala de uso.
A aeronave em questão é o modelo Beechcraft B200 Super King Air, matrícula PS-BRA, frequentemente usado em missões institucionais e emergências médicas. Ela foi registrada em uso por Amélio Cayres durante um período em que o governador Wanderlei Barbosa estava fora do país, em missão oficial em Israel.
A ausência do governador lança ainda mais dúvidas: por que uma aeronave destinada ao chefe do Executivo foi usada por outro agente público, e para compromissos de natureza política? Especialistas em direito público apontam que a situação pode configurar desvio de finalidade no uso de bens públicos, abuso de poder político e até crime eleitoral, caso fique comprovado o uso para promoção pessoal em período pré-eleitoral.
A empresa Brasil Vida, responsável por contratos com o Estado tanto na saúde quanto no apoio logístico institucional, já havia notificado o governo anteriormente por atrasos de mais de R$ 3 milhões em pagamentos relacionados ao transporte aeromédico. Ainda assim, aeronaves vinculadas a esses contratos continuam operando, inclusive, agora, em atividades alheias à sua finalidade original, segundo a denúncia.
Procurado pela reportagem, o deputado Amélio Cayres não se pronunciou sobre o caso. Sua assessoria informou apenas que não comentará o assunto. O Governo do Tocantins, por sua vez, também não emitiu nota oficial até o momento para esclarecer os critérios de uso da aeronave ou se houve autorização formal para tal deslocamento.
A falta de transparência e de respostas oficiais aprofunda o mal-estar político e institucional em torno do caso. O episódio reacende o debate sobre o uso da estrutura pública para fins eleitorais e deve ser analisado por órgãos de controle, como o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a própria Justiça Eleitoral.
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